Galápagos

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21 de abril de 2011

A Volta ao Mundo em 72 dias – você tem coragem?


Comecei este blog em Novembro de 2010, mas, por falta de tempo, acabei não incluindo nenhuma outra postagem.

Até que decidi fazer uma viagem de volta ao mundo, ótima razão para continuar.

Prometo depois postar, aos poucos, as viagens pretéritas, que incluem:
1.     América do Sul: Brasil (Amazônia, Nordeste, Fernando de Noronha, Bonito, Sudeste, Foz do Iguaçu e Floripa), Argentina (Bariloche e Buenos Aires), Chile (Santiago, Valle Nevado e Deserto do Atacama), Venezuela (Caracas e minha péssima experiência), Colômbia (Bogotá) e Equador (Quito e Galápagos – o lugar mais incrível da Terra).
2.    América Central e Caribe: Curaçao (Antilhas Holandesas), Cuba (a melhor experiência cultural) e Panamá.
3.    América do Norte: México (Riviera Maya e Cozumel) e Estados Unidos (Flórida, Nova Iorque, Washington D.C., Califórnia e Havaí).
4.    Europa: Portugal (roteiro completo do Porto a Lisboa), Espanha (Madrid, Toledo, El Escorial, Barcelona e arredores), Bélgica (Bruges), França (Paris, Giverny, Vale do Loire, Rouen, Honfleur, Mont Saint-Michel, Epernay, Dijon, Annecy, Ivoire, Provence e Côte D’azur), Mônaco, Suíça (praticamente todo o país), Itália (Milão, Nápoles, Pompéia, Capri, Costa Amalfitana, Roma, Florença, Toscana, Veneza), Holanda (Amsterdam), República Tcheca (Praga), Grécia (Atenas, Mikonos, Santorini e Rhodes) e Turquia (Istambul – cidade que se localiza metade na Europa, metade na Ásia).
5.    Ásia: Turquia (Istambul e Capadócia)
6.    África: Egito (Cairo e Sharm El Sheik)
7.    Oceania: Austrália (Sydnei, Blue Mountains, Port Douglas/Cairns (Grande Barreira de Corais), Melbourne, Great Ocean Road (12 Apóstolos, Phillip Island e outros).

Tendo feito as viagens acima mencionadas, comecei a listar todos os lugares que queria conhecer e a simular diferentes roteiros no site da Star Alliance, uma das três alianças aéreas que vendem passagens de volta ao mundo (RTW – round the world tickets). As outras duas são a Sky Team (pode esquecer) e a One World (essa é razoável, mas não tem a malha aérea da Star Alliance, a melhor de todas).
Basta entrar no site www.staralliance.com, clicar em “fares” e a seguir em “round the world”. A partir daí começa a saga. A passagem é cheia de restrições, tem que ler bem as regras antes de emitir.
Em linhas gerais, há 4 faixas de preço, considerando as milhas efetivamente percorridas pelo passageiro (note que não é bilhete prêmio, é pagante, para emitir como prêmio são necessárias 350.000 milhas na econômica, se não me engano): até 26.000 (tarifa econômica especial) e mais 3 faixas que podem ser emitidas na econômica,  executiva e primeira (29.000, 34.000 e 39.000). Na minha opinião, é um bilhete que vale muito à pena emitir na executiva, pelo valor convidativo e pelo conforto para trechos tão longos.
O passageiro tem que escolher uma direção – leste ou oeste – e seguir sempre na mesma. Logo, a viagem começa e termina no mesmo país e você circunda o globo terrestre, fazendo literalmente uma volta ao mundo.
Além disto, não pode passar 2 vezes pela mesma cidade, nem mesmo em conexão ou escala. Tem direito a, no máximo, 16 trechos (escalas e conexões contam) e 15 “stopovers” (com um mínimo de 3). Assim, o ideal é escolher destinos que possuam vôos diretos entre si. A viagem deve durar um mínimo de 10 dias e no máximo 1 ano.

Após estudar todas estas regras e simular diversos roteiros, me decidi por um roteiro que seguia pelo oeste (para voar sempre “a favor” do fuso) e começava nas ilhas do Havaí (seria minha 2ª visita, a 1ª foi em 2003), de lá para Palau (Micronésia, um incrível ponto de mergulho) e daí para o Japão. Em seguida, a viagem continuava pela Ásia e África, antes de retornar ao Brasil. Prestes a emitir o bilhete fui surpreendida pelo terremoto no Japão, em 11 de Março de 2011, dia do meu aniversário, o que mudou completamente meus planos, não só pela destruição e “aftershocks”, como pelo acidente nuclear. Um hotel que eu havia contactado para informações, me enviou um email aconselhando a suspender a viagem sine die (achei incrível a honestidade e correção deles em tempos tão difíceis). Daí acabei cortando a China também e futuramente, quem sabe, visitarei estes dois países.

Refiz meus planos, buscando encaixar as paradas de acordo com o melhor clima possível e temporada, outra extensa pesquisa que tive que fazer. Além disso, encaixei os Estados Unidos no final por 2 motivos: uma “recompressão” antes da volta para casa e um ponto para compras, afinal ninguém é de ferro (e para não carregar muita bagagem, não vou poder comprar quase nada nas outras paradas).
Ao concluir a simulação do roteiro no site, preenchi todos os dados para fazer a emissão (antes de 2009, não era possível emitir “on line”, apenas simular). Ocorre que, teoricamente, agora isto é possível, mas para meu azar, o site apresentou erro, não emitiu, mas lançou a cobrança em 3 dos meus cartões de crédito (com os quais tentei emitir). A Star Alliance não disponibiliza um atendimento telefônico no Brasil e quem a representa é a Lufhtansa (em nome de quem foi feito o bloqueio indevido do meu crédito). Esta, por sua vez, não tem telefone de contato para problemas com compras “on line”, apenas um email para a loja de SP. Não preciso dizer o quanto foi difícil anular estes bloqueios incorretos, o que apenas consegui depois de 1 semana de incontáveis emails para a Lufhtansa, que admitiu o erro, e ligações e fax para os cartões e seu telemarketing insuportável.
Acho que muitas pessoas, no meu lugar, teriam desistido, mas eu persisti por ter sonhado muito tempo com essa viagem, sendo que o mais difícil, que era conseguir o tempo livre no trabalho, eu consegui.
Então, pesquisei um pouco mais e descobri que a TAM fazia essas emissões no Brasil, apesar de não haver muitos funcionários com conhecimento para isso, já que esse produto RTW, velho amigo dos europeus, praticamente não é vendido no nosso país. As agentes de turismo, normalmente já meio enroladas, nunca ouviram falar.
Para minha sorte, fui muito bem atendida por uma funcionária do “call center” da TAM, que fez a emissão para mim num Domingo, depois de ter me retornado no Sábado com todas as informações. Um atendimento realmente exemplar. Depois descobri que também há um email para este tipo de solicitação, o roundtheworld@tam.com.br.

Emissão realizada, cheguei, então, ao meu roteiro final:
1.     Cape Town (África do Sul) – sendo que comprei por fora um outro bilhete da SAA para Port Elizabeth, pois farei um safári próximo
2.    Cingapura (Cingapura)
3.    Bali (Indonésia)
4.    Bangkok (Tailândia) – emiti também por fora, com Air Asia, bilhetes para Krabi e Chiang Mai, na Tailândia e, com Bangkok Airways, para Siem Reip, no Cambodia
5.    Auckland (Nova Zelândia) – onde farei uma viagem por terra visitando a maior parte da Ilha Norte (na Ilha Sul, chove muito nessa época)
6.    Papeete (Tahiti) – o trecho Auckland-Papeete-Auckland, emiti pela Air New Zealand como prêmio de milhas Victoria TAP (faz parte da Star Alliance), porque não é permitido passar 2 vezes pela mesma cidade e para seguir para os Estados Unidos necessariamente tem que se passar por Auckland (muitos vão se perguntar porque eu não volto pelo Chile e já respondo, é porque a Lan Chile não faz parte da Star Alliance).
Obs: o Tahiti é somente a ilha principal da Polinésia Francesa, pertencente às Ilhas da Sociedade. Assim, comprei essa parte da viagem com a Tahiti Nui Travel, que marcou todos os hotéis, transfers e deslocamentos internos (ferry boat e vôos) para mim. Então, nessa parte linda do mundo, vou visitar além do Tahiti, Moorea, Bora Bora e Rangiroa.
7.    San Francisco (Estados Unidos) – cidade que visitarei pela 3ª vez
8.    Los Angeles (Estados Unidos) – cidade que visitarei pela 2ª vez
9.    Las Vegas (Estados Unidos) – ponto da onde é possível voar de helicóptero para o Grand Canyon
Obs: os Estados Unidos são o único país aonde é permitido fazer 3 “stopovers” na viagem RTW
10. De Vegas, volto para o Rio, com conexão em Houston.

Cias Aéreas com as quais vou voar:
1.     Rio – Cape Town (com conexão em São Paulo e Johannesburg) – South African Airways
2.    Cape Town – Port Elizabeth – Cape Town - South African Airways
3.    Cape Town – Cingapura – Singapore Airlines
4.    Cingapura – Bali (aeroporto de Denpasar) – Singapore Airlines
5.    Bali – Bangkok – Thai Airways
6.    Bangkok – Krabi – Bangkok - Air Asia
7.    Bangkok – Siem Reip – Bangkok – Bangkok Airways (a única que voa direto)
8.    Bangkok – Chiang Mai – Bangkok – Air Asia
9.    Bangkok – Auckland – Thai Airways
10. Auckland – Papeete – Auckland – Air New Zealand
11.  Auckland – San Francisco – Air New Zealand
12. San Francisco – Los Angeles – United Airlines
13. Los Angeles – Las Vegas – US Airways
14. Las Vegas – Rio (com conexão em Houston) – Continental Airlines

Antes de emitir o bilhete, obviamente pesquisei quanto tempo passaria em cada lugar, porque apesar da passagem suportar remarcação de data e até de cia aérea sem multa (desde que isso não implique em “re-routing”), dá muita dor de cabeça ter que alterar hospedagem e outros. Com a passagem em mãos, emiti os bilhetes extras já mencionados e marquei os hotéis, utilizando basicamente duas ferramentas, os sites www.booking.com (algumas vezes sites dos próprios hotéis) e www.tripadvisor.com, no qual você pode visualizar opinões sobre hotéis, cias aéreas e passeios. Tem também o fórum de discussão Thorn Tree do Lonely Planet, que é muito bom.

Também me programei para tomar todas as vacinas necessárias, viajar com 3 cartões de crédito e o cartão “Travel Money”, que é um cartão pré-pago do Visa. Isto quer dizer que você carrega o cartão com quantos dólares quiser e fecha o câmbio antes de viajar, o que garante a cotação.
Vistos não vou precisar, pois viajo com 2 passaportes - brasileiro e português. Portugal faz parte do “Visa Waiver Programme” americano, o que significa que cidadãos portugueses não precisam de visto, mas apenas de uma “flight authorization” para viajar para os Estados Unidos. Esta autorização pode ser obtida no site: https://esta.cbp.dhs.gov/esta/

A viagem será feita de 18 de Abril a 30 de Junho de 2011, período que compreende 72 dias, sem contar o dia da ida e o da volta. O personagem inglês de Jules Verne conseguiu em 80 dias, eu vou fazer em 72. Por causa do seu famoso livro “Le tour du monde em quatre-vingts jours”, muitos ingleses deram a volta ao mundo.

Um pouco antes da viagem ficar pronta, foi apresentado à minha turma de conversação em francês o seguinte tema: o que você faria se ficasse milionário? A grande maioria dos alunos respondeu que passaria um ano viajando, que daria a volta ao mundo.
Curioso é que quando contei que faria a volta ao mundo em 72 dias, não em um ano, e sem ter ganho na mega-sena, a maioria das pessoas (não só no francês) me perguntou:
“Você tem coragem?”
Eu tenho.
E sem pretensão nenhuma de ser algum tipo de super-heroína moderna, digo que a grande verdade é que a maioria das pessoas não tem. A maioria não faria esta viagem, nem que tivesse tempo e dinheiro para tal.
Pelos mais diversos medos e motivos.
Todo mundo diz que quer ser livre, mas será que quer mesmo?  A liberdade traz o novo e o desconhecido, que têm um quê de assustadores, enquanto viver sempre as mesmas situações traz um certo conforto e segurança.

Vou finalizar com algo que Mark Twain disse e me motiva sempre nos meus dias de “globetrotter”:
Travel is fatal to prejudice, bigotry, and narrow-mindedness, and many of our people need it sorely on these accounts. Broad, wholesome, charitable views of men and things cannot be acquired by vegetating in one little corner of the earth all one’s lifetime.

3 comentários:

  1. Vivi amiga,

    Estou curiosíssima com as novidades, não sabia da viagem até receber o seu torpedo. Pena não termos podido nos encontrar antes, mas estou acompanhando o seu blog para viajar junto, afinal eu também adoro viajar e tenho certeza de que sou uma cidadã do mundo, o que às vezes é algo complicado das pessoas compreenderem e aceitarem. Acho que mulheres independentes são mal interpretadas na nossa sociedade.
    Espero que você aproveite bastante a viagem, saboreie comidas, lugares e novas culturas porque isso é que nem mastercard: não tem preço!
    Um beijo enorme e boa sorte na sua jornada de volta ao mundo!
    Vá postando fotos e comentários para daqui estarmos sempre conectadas.

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  2. Vivi por onde andas? Como foi o Safari, cuidam bem dos seus amados bichinhos? Beijos e dê notícias

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  3. Meninas,
    Obrigada pelos comentarios de vcs! Acabei de fazer o 1o post da Africa do Sul. Tive um probleminha tecnico e nao consegui postar as fotos, mas vou fazer isso assim que chegar em Cingapura. O safari foi incrivel, vou postar sobre ele tb! Meus amados bichinhos estao seguros aqui, pra minha felicidade!
    bjs, Vivi

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