Galápagos

Galápagos

27 de abril de 2011

África do Sul 2 – Cape Peninsula e Stellenbosch – 1º dia inteiro

                        Se alguém me perguntar quantos dias passar em Cape Town, eu diria que depende do que a pessoa quiser fazer porque há muitas atrações. Eu passei 4 dias na chegada, sendo 3 dias inteiros, fui para Port Elizabeth (vou falar depois sobre este tema) e voltei para mais 1 dia em Cape Town antes de voar para Cingapura. Acho que, se fizesse a viagem de novo, ficaria mais 1 dia inteiro em Cape Town e separaria mais uns 4 dias para a Garden Route, que é a estrada linda que liga Cape Town a Port Elizabeth. Eu fiz um pedaço dessa viagem e é lindo, lembra muito a Big Sur (Highway 1 da Califórnia), pois vai margeando o mar e tem uns penhascos incríveis.
                   Aliás, falando em comparações, a África do Sul lembra a Califórnia, o sul da Austrália e, de certa forma, o Rio. O engraçado é que a maioria das pessoas quando pensa em África, se concentra logo na trilogia nefasta da Idade Média: a fome, a peste e a guerra. Ou nas pragas do Apocalipse. Mas, a África do Sul não é nada disso, é um país lindo.
                   Assim que eu cheguei, fui trocar dinheiro e dar uma volta perto do meu hotel. As ruas mais legais para andar aqui são a minha (St George’s Mall), Long Street e a praça do Green Market, que é um mercado de rua, aonde se vende basicamente artesanato e roupas daqui. 
Para o meu primeiro dia inteiro aqui, que seria o dia seguinte à minha chegada, marquei um passeio chamado Best of Cape com a empresa African Eagle, que achei ótima. O passeio vai até o Cabo da Boa Esperança, margeando todo o litoral. Em seguida, vai para Stellenbosch, na região das vinícolas.
A primeira parada é Camps Bay, uma praia com ares californianos, ladeada pelas montanhas 12 apóstolos (no sul da Austrália, também tem uma formação rochosa homônima). Daí, segue até o Cape of Good Hope (Cabo da Boa Esperança), passando por Chapman’s Peak, que é o visual mais bonito, aonde a estrada foi literalmente escavada na rocha.
O Cabo da Boa Esperança é mundialmente conhecido por estar intimamente ligado à estória das grandes navegações. É exatamente o ponto onde há o encontro dos oceanos Atlântico e Índico. Assim, o navegador que conseguisse cruzá-lo, finalmente descobriria a rota para as na época chamadas Índias Orientais, importante ponto do comércio das especiarias.
O primeiro a tentar foi o português Bartolomeu Dias, que naufragou duas vezes aqui, tendo morrido afogado na 2ª vez. Por esse motivo, o ponto foi inicialmente denominado Cabo das Tormentas.
O primeiro a conseguir cruzar estas águas turbulentas foi o também português Vasco da Gama. Quase na mesma época o Brasil foi descoberto por acaso, pois o que se queria era chegar às “Índias”, tanto é que nosso país recebeu o título de “Índias Ocidentais”.
Um pouco mais tarde, D. João VI resolveu trocar o nome do Cabo das Tormentas, que ele acreditava atrair má sorte, para Cabo da Boa Esperança.
Os portugueses, no entanto, utilizaram a África do Sul somente como rota, tendo sido os holandeses a primeiro colonizar a região. Conforme já mencionado, ao perceber o quanto estratégica era a posição do país, os ingleses não demoraram a expulsar os holandeses daqui.

Infelizmente, no dia do passeio, o tempo não estava muito bom, mas dizem que em dias de céu claro, pode-se visualizar exatamente o ponto de encontro dos oceanos. Ventava muito e eu sou obrigada a dizer que o nome mais apropriado para o local é mesmo Cabo das Tormentas.
Toda a área do Cabo é um parque nacional protegido, como várias regiões do país, que realmente cuida da sua riqueza natural. Tem vários animais livres (free roaming) na área, inclusive eu pude ver os avestruzes.

Dá também para ver umas algas gigantes, os kelps, muito comuns na Califórnia. No filme Surf Adventures, aparecem os surfistas brincando com os kelps, é muito engraçado.

Daí se chega a Boulders Beach em Simon’s Town, habitat natural dos pingüins. Normalmente, durante o dia, eles estão no mar se alimentando e pescando para alimentar a cria nos ninhos, retornando à praia ao anoitecer. Novamente, lembrei do sul da Austrália, pois vi esse retorno dos pingüins lá, num lugar chamado Phillip Island. Felizmente, tinha alguns pingüins na praia aqui na África do Sul e pude vê-los bem. Acho que o governo deveria tomar alguma medida para manter as pessoas a uma certa distância, como é feito na Austrália, pois nem todo mundo respeita e realmente estressa o animal quem chega muito perto. Ninguém gosta que alguém entre na sua casa sem pedir licença e o animal não é diferente. As pessoas vão chegando e jogando logo o flash na cara dos bichinhos, o ser humano é muito estranho mesmo.
(Olha que lindo a mamãe pingüim protegendo o bebezinho!)
Depois dos pingüins, segui para as vinícolas de Stellenbosch, sendo que no caminho passei por várias cidadezinhas legais, a que mais gostei foi Muizenberg.
                       Já a cidade de Stellenbosch se parece muito com o interior da Europa e é conhecida pelos vinhos e por ser uma cidade universitária.  O estilo arquitetônico é o das “manor houses” holandesas. Tem uns restaurantes bem legais, inclusive o Muggs & Bean, que é bem famoso no país todo.
                                   (Manor Houses)
Os vinhos da África do Sul são internacionalmente conhecidos e não ficam nada a dever aos vinhos europeus, apenas não têm tanta tradição. Inicialmente, em razão do clima, predominavam as uvas brancas, mas em virtude do crescimento do consumo pelo mercado europeu, os sul-africanos passaram a fabricar muito vinho tinto para exportação.
Visitei a vinícola Zevendath, de propriedade da mesma família há várias gerações. Lá dá para ver todo o processo de produção e fazer uma degustação de vinhos com queijos sul-africanos.

                        O vinho que eu mais gostei foi o da uva Pinotage, que é específica da África do Sul, fruto do “cruzamento” bem sucedido entre as uvas pinot noir e cinsaut.
As outras principais regiões vinícolas aqui são Franschoek e Constantia, esta mais perto de Cape Town.
Gostei muito do passeio, apesar do mau tempo. Como eu disse no post anterior, um pouco de história e um pouco de natureza.





                              

Nenhum comentário:

Postar um comentário